sexta-feira, fevereiro 23, 2007

De Cima.

Eu sou aquele que vai andando, chutando latas pela avenida escurecendo agora, seis e pouco do dia, da noite. O sorriso escondido por camadas de frio e pensamentos incomuns, viagens incomuns. Eu sou aquele que você olha de longe, da sua janela ali no segundo andar, ali naquela avenida agora escurecendo. Eu sou o garoto mistério, noves fora, zero a zero, "queria conhecer você", diz ela. Aquele que olha pra cima agora sou eu, estupefato, olho no infinito do teu quarto, elevado, "desce". Do meu lado agora, seis e pouco da noite, somos eu ela, desconhecidos até o fim daquela rua, chutando latas, remoendo o asfalto, auto do que há por vir. Em vão?! Não. Ela é aquela garota que me olha todo dia, toda noite do alto daquela sua janela, vaso de flor, fita amarela, no cabelo a luz do pôr-do-sol. Eu sou aquele errante ponto de interrogação, passista passante, ermitão, meus passos no preto reluzente do asfalto, seis e pouco, diariamente.
Somos aqueles que conversam, que flertam, que têm nos olhos o brilho quase escurecendo do dia, da noite, do sonho acordando. Somos o novo, somos passo pro eterno, quase lá, chutando latas ali naquela avenida de sol e chuva.

- Você vem comigo?!
- Quem é você?!
- Eu só tenho essa garrafa e um doce no bolso do casaco.
- Fale a palavra.
- Pegue na minha mão.

Vamos logo. Amanhã, quase seis e meia do dia, da noite, chutando latas avenida abaixo serão vistos escurecendo agora, clareando as vistas.



*Ao Recife. Baseado em canção do Mopho.
Imagem: Alina Andrei .... http:/www.oureyes.net

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
... disse...

er...
depois eu comento esse.
auahuahha
:*

Anônimo disse...

Pra variar outro texto magistral