quinta-feira, maio 07, 2009

Dia Internacional de Histórias de Vida

Fazia muito tempo que eu não escrevia aqui. Mais tempo ainda que eu não fazia um post "diarinho". Mas essa semana meu comparsa marginal Ramon Ribeiro me passou um e-mail que chamou a atenção. Reacendeu a vontade de escrever, livre de regras jornalísticas, leads, formatos, abordagens X e Y. Trata-se de uma iniciativa do Museu da Pessoa (gostei do nome e da idéia), juntamente com o Center for Digital Storytelling que criaram o Dia Internacional de Histórias de Vida, esse ano em sua 2ª edição.

Apesar de propor um tema pré-estabelecido (no caso, "Jornada em busca de Justiça") e direcionar os participantes a destacar histórias de pessoas forçadas a sair de sua terra natal por causa de crises econômicas, guerras, degradação ambiental e repressão política, a celebração abre espaço para uma atividade que anda um pouco esquecida. A de enxergar além do óbvio, procurar a raiz, buscar a essência das pessoas comuns, cotidianas e, o mais interessante, contar as histórias que descobrimos. Histórias interessantes pra caralho que, à primeira vista a gente nunca imaginaria que pertencesse ao vigia-da-nossa-rua, ao ex-professor-universitário- que- virou-hippie, ao camelô-do-centro, à prima-bailarina, a senhora-que-pede-esmola-na-passarela e por aí vai. Personagens como o mecânico-do-bairro, o pescador-do-Potengi, a sanfoneira-cega, o fazedor-de-pipa, gente que a gente passa diante diariamente, sem perceber. Gente como a gente. Gente adjetivo, hifenizada, que existe aos bocados, que a gente costuma chamar de massa, tudo igual, a gente. Biografias no difícil território do cotidiano.

Dar importância, parar pra ouvir, sentar, escutar, sonhar, contar é o que propõe esse dia. Pode parecer uma coisa totalmente trivial (e é), mas me deixou excitado pra caralho.

Não é nenhuma novidade que personagens da vida real enriquecem matérias e fazem jornalistas ganhar prêmios, e, dizem as boas línguas, que esse é o futuro do jornalismo. HU-MA-NI-ZA-ÇÃO. Ótimo, beleza, palavra linda. Mas falta a nós, jornalistas, descer do patamar que a profissão nos confere, deixar o gravador (pense numa arma!) e o crachá de repórter de lado, e se deixar levar pelas histórias das pessoas, se envolver. Não se trata de fontes, declarações, mas de sentimentos, realidades lúdicas, paixões e sofrimentos que não devem exatamente ser usados pra vender jornal. É preciso esquecer do deadline, se fazer de casa, se tornar íntimo por vontade e não por necessidade. Foi nisso que pensei quando vi o anúncio do Dia Internacional de Histórias de Vida.

É piegas pra caralho, mas o olhar começou a ficar aguçado pra cenas bestas do dia-a-dia. Nelas cabem tanto significado. E eu espero que até dia 16, e depois e depois, muitos encontros com histórias bacanas ocorram. Pra mim e pra quem se interessar. É bom pra cabeça, pro coração e não deixa o blog morrer, hehehe. Falando nisso, a galera do Catorze tá querendo postar esses "perfis" no blog até dia 16. Quem quiser me mandar histórias pra publicar aqui, sintam-se à vontade, o espaço é de vocês. Até mais.



2 comentários:

Priscilla Xavier disse...

Interessante! Sera que eu tenho alguma historia pra te contar?
Pena que já passou dia 16...
oO

Marcel disse...

Pena que já passou do dia 16 (de maio?)...