segunda-feira, janeiro 29, 2007

Babilônia In My Mind.

Os neurônios, num último suspiro, explodiam jorrando idéias, fluxos e fluxos de idéias fluidas, pensamentos, divagações que passavam, lúcidas, cabeça adentro.
As veias, os olhos, pulavam como se quisessem extinguir o branco das vistas, o branco que se tornava arroseado, vermelho, rubro rubro sangue.
Na pele tudo, as carnes cheias, quentes, contraídas, relaxadas, o corpo-potência a mil por segundo.
Riso, sorriso, gargalhada. Arfar, arder, na garganta, pulmões, barriga. Sexo. Passarinho azul piando na janela.Passarinho azul sou eu. Devagar aqui, rápido ali, distraído, na santa paz, também se vai ao longe.

* A última vez que fomos à Babilônia, nossos braços atados, fizemos amor durante horas seguidas. As bocas eram ondas vermelhas. Éramos ondas vermelhas, eu e meu(s) amor(es). Éramos fumaça se esvaindo no ar, balé morno, espiral. A Babilônia é aqui. Suspendamo-nos nesses jardins, nos confins, nessa ausência plena de desconforto, nesse reino de sentidos e significados. Um abraço, amigo de longa data, volte logo que eu te espero lá, no nosso lugar, Babilônia!

* Ia bem com uma música do Nação Zumbi. E não reparem na viagem, apenas viajem...


segunda-feira, janeiro 22, 2007

Mini Me.

Tatiana.
Ela entrou no trem. Trancaram-se as portas. Traíra o marido. "Trataaante!!!" Tchau, disse.

Coca-Cola mata.
- São onze e pouco. Vou indo.
- Espera, pô.
- Ah, deu vontade de um Doritos agora.
- Vamo ali na cigarreira?
- Vamo.

...

- São quase doze. E eu comendo Doritos.
- Quer sorvete?
- Qual o sabor?
- Napolitano.
- Hmm, eu quero.


Desodorante.
Ela já tinha 20 e ainda era virgem e aquilo pra ela era quase um martírio, mas não, não era tanto assim porque ela fazia curso de enfermagem numa cidade provinciana e atrasada do interior e grande parte das pessoas até encaravam aquilo como uma virtude, louvavam sua força diante das tentações sexuais e sua disciplina, trocava sempre as sondas dos velhinhos e virava a cara quando algum pau insistia em subir, tinha muitos amigos e gostava de beber moderadamente pra não se aproveitarem da sua embriaguez, cuidava do hímen com muito cuidado, exagerado até e um dia um amigo metido a escritor besta e barato disse que tempo era sexo e ela ficou chocada e desistiu de pagar um sorvete de flocos da Sorveteria Oásis pra ele. No outro dia, morreu atropelada por uma Mobylete descontrolada. Virgem. Coitada.

Vacas magras, vacas gordas
Maria era magra pra caralho. Magra de doer. Magra magra mesmo, esquelética. Tão bonita fora Maria. Acabou-se a coitada. "Ai, essa maçã me encheu!" Isso de o Brasil ser o campeão em cirurgias plásticas é realmente uma merda. "Maria, porra, vai tomar seu caldo de carne. Só um copinho, devagar." Mandei Maria ir se foder. 45 dias sem trepar, porra. Não tem quem aguente. Isso de o Brasil ser campeão em cirurgias com fins estéticos é realmente uma bosta. "Maria, vem tomar a injeção na barriga, tá na hora". "Maria, olha o curativo, caralho!" Me separei de Maria, mulher véia magra. 45 dias sem sexo é foda, companheiro. "Morra, Maria!" Isso de redução do estômago é realmente o fim da picada! Eu gosto é de carne, porra. De ter onde pegar.


Dudu, vai brincar, porra!
Mal chegou na sala, saíram. Mal chegou no quarto, saíram. Mal chegou no quintal, saíram. Mal bateu na porta do carro, aceleraram. "Porra, Dudu, vai brincar!"


*Não precisa dar opinião, ok?!

domingo, janeiro 21, 2007

Créditos.


Ouviu uma pancada seca no cômodo ao lado. "Droga, que susto!" No televisor, a morena de olhos puxados continuava tirando a roupa. "Nossa, que gostosa!" Os seios durinhos, o piercing no umbigo, a bunda carnuda foram levados embora por outra pancada, seguida de outro susto. O pênis ainda ereto, o telespectador se impacienta com a sucessão de barulhos em potencial que vêm do quarto do seu pai. A morena de olhos azuis puxados, cheia de languidez treme os lábios enquanto o negrão tatuado chupa sua boceta na televisão.
Outro susto. O membro ainda de pé, a frustração e a curiosidade no rosto do garoto interrompido. Ouvem-se os primeiros gemidos, agudos, da boca sensual da morena. As pancadas adquirem ritmo. Impaciência dá lugar a mais sustos. O volume baixo do televisor acompanha o andamento das pancadas do cômodo ao lado. "Que merda! O que está acontecendo?!"
O negrão vê a morena subir nele e faz cara de qualquer coisa. Decidido a descobrir o que o está atrapalhando na sua pornográfica empreitada o, até então, telespectador resolve acalmar os ânimos, concentrando-se num pôster do Iron Maiden na parede do seu quarto. A morena tenta seduzí-lo com seu olhar apertado, mas não obtém sucesso.
Já reestabelecido, agradecendo à eficácia da caveira heavy metal no processo brochativo, abre a porta e olha cuidadosamente para os dois lados. Enquanto ele caminha em silêncio pelo corredor escuro, o lascivo casal da TV continua a copular intensamente, sem ninguém para observá-los entre gemidos e palavrões. Balizado por paredes e pancadas, o curioso rapaz percebe que o barulho vem do quarto do seu pai, recém-separado.
O negrão põe a parceira de quatro e começa a introduzir seu avantajado equipamento no ânus da tesuda morena. Um ouvido colado à porta e o nosso ex-telespectador percebe risinhos, também agudos, entre as pancadas abafadas. "Paaaai!!!" Mais batidas na maciça porta de madeira. Os risinhos cessam e o ritmo das pancadas diminui. "Paaaaaai!!!!"
O apertado ânus da morena recebe o veemente membro acomodando-o com certa hospitalidade. As pancadas cessam de uma vez. " Já vooou!" Os olhos azuis apertados da morena estão fechados, não se sabe se de prazer ou desconforto. Depois de algum tempo, a maçaneta gira, abrindo a porta e pondo à mostra um homem careca, barrigudo, beirando os 50, enrolado numa toalha, bastante suado, o pai. Um esbaforido "O que foi?" sai da boca do homem.
A morena solta um gemido alto acompanhado pelo ritmado movimento de vai-e-vem do casal. Em frente ao pai, meio surpreso, pergunta quem está no quarto. "Ninguém!" Da porta entreaberta, o careca impaciente trata de persuadir o incoveniente filho de que está sozinho, está tudo bem. Mais uma vez se ouve um "Quem está aí?", dessa vez mais claro e decidido. A maciça porta se abre por inteiro.
O negrão retira o pênis de dentro da boca da morena e o posiciona rente ao rosto da fogosa. Esgueirando a vista para o fundo do quarto vê, na cama, uma mulher ajeitando o baby-doll preto de seda. A mão da morena masturba o seu parceiro na televisão do quarto ao lado.
A moça de baby-doll olha para o garoto e se apresenta de longe. Um aceno tímido e um "Oi, eu sou a Cláudia, namorada do seu pai." Do lado de fora, em frente ao careca de toalha, a surpresa toma o lugar da recente preocupação. Os olhos azuis e apertados da morena Cláudia fazem o queixo do indiscreto rapaz cair.
A morena recebe no rosto o abundante e espesso líquido branco, enquanto um longo gemido sai da boca daquele que ejacula. "Fim." Na tela do televisor sobem os pouco extensos créditos da produção cinematográfica.


Imagem: Ewa Brzozowska .... http://www.oureyes.net

Sonido: Cinco Contra Um - Mustang

Meu blog anda recebendo visitas e comentários muito "calientes". Para não sair do tom, um conto não menos "caliente", dedicado para a "the most caliente of all" Luciana. Façam bom proveito, mas, por favor, não sujem o teclado, crianças!

Ah, e ser anônimo não está com nada. Mostrar a cara é a última moda, dizem por aí.

sábado, janeiro 13, 2007

"É Melhor Ser e Não Parecer, do Que Parecer e Não Ser."

Haja acidez pra fazê-la sorrir. Haja dicionário pra surrar. Haja conversa pra poder dormir. Haja roupa pra comprar. Haja sushi pra comer. Haja sorriso pra externar. Haja luz pra se distrair. Haja texto pra ignorar e calar, e calar. Haja ensaio pra não atuar. Haja vaidade aturar. Haja assunto para vazar, e escorrer, escorrer. Haja internas para criar. Haja palavra pra esconder. Haja roupa pra comprar. Haja vista para esses dois sentados ali na mesa do lugar.

Esses dois. O que escondem esses dois? Escondem o que há de mais valioso e perene no tempo que já passou e na vida que há por vir.

Três bombons caros numa embalagem só e um abraço do tamanho de um sushi frito com molho shoyu roubado p/ você!
Um texto clichê, cheio de palavras repetidas, mas sem surras de dicionário, humilde e espontâneo como todo texto deve ser.

E que venham muitas tardes animadas depois de entrevistas de emprego bem-sucedidas. Eu curo angústias, hehehehe...

Natal, 13/01/2007 - 23:12h.
Vítor de Azevedo Silva.