domingo, dezembro 31, 2006

Feliz 2007!

Em 2006 Crash ganhou o Oscar de melhor filme, Saddam foi enforcado sem medo no rosto, o Papa visitou mesquitas, os americanos finalmente se tocaram do fiasco "Guerra do Iraque", a Globo tentou fazer campanha de Alckmin, eu virei um estudante metido à besta de jornalismo, nossas maiores cidades ficaram sob o poder dos bandidos, os brasileiros atingiram a maior média de permanência na internet, o mundo esquentou mais uns dois ou três graus, Rolling Stones fez um show em Copacabana e eu não estava lá, Daft Punk não tocou na minha casa e mais uma porrada de coisas. A América Latina já não é mais a mesma (no bom e no mau sentido), Lula assume o segundo mandato amanhã, inventaram camisinha em spray, descobri um barzinho que vende cerveja geladíssima a 2,00 reais, palestinos e israelenses continuam se matando, o muro que separa os States do México mariachi continua de pé, o Brasil perdeu a copa, arranjei um "emprego".

Antes que 2006 termine enquanto eu enumero acontecimentos que tem ou não a ver com o seu dia-a-dia, desça logo a barra de rolagem e faça um pedido:



Que 2007 seja uma metradalhora aleatória de fatos, bons ou ruins, e que a vida seja mais fácil de levar com a barriga e com os braços. Agora me passa o champanhe aí que eu tô com sede!


domingo, dezembro 24, 2006

Um Feliz Natal a Todos!!!

Desejar Feliz Natal nos fins de dezembro é tão clichê quanto dar bom dia às sete, oito horas da matina à senhora no ônibus, ao seu chefe no trabalho, ao vizinho da rua. Soa mais clichê ainda, uma vez que este vos fala a tempos anda meio desiludido com "essa data tão especial". Desejar "Feliz Natal" é quase uma obrigação cívica sazonal enfeitada de neve, pinheiros, pisca-piscas e sininhos tilintando. Mas é necessário, então, mais uma vez Feliz Natal, Bom Dia, Obrigado, Com Licença, A Benção... Tudo bem, antes que me chamem de revoltado, esse post é pra dizer que, apesar de não defender o Natal, ele ainda faz muita gente, inclusive eu, parar pra refletir um pouco. E, enquanto aumentam os suicídios, a depressão, a violência psicológica, os Papais Noéis descolam seu décimo terceiro e as lojas de departamentos se empanturram de dinheiro, nós comemos peru, ganhamos presente de amigos secretos, aplaudimos a chegada de papai noel.
Antes que eu me enrole demais, quero dizer que esse post é pra botar nêgo pra pensar e tentar clarear na cabeça que no Oriente Médio, lá onde Jesus nasceu, não tem pinheiro nem neve, que muitas crianças da África não sabem o que é um peru e que Papai Noel e suas renas já deviam ter saído de moda. O post é pra dizer que, já que a gente não pára pra pensar nisso com frequência durante o ano, que pelo menos em dezembro a gente sente numa caixa de presente embaixo da árvore, abaixe o CD da Simone no som e pense mais no mundo e na gente.

E que o Natal, além disso, sirva como uma desculpa para os mais tímidos (meu caso) demonstrarem seus sentimentos pelos mais próximos.
A todos, que tenham uma boa reflexão, uma emanação de energias positivas, uma boa ceia pra quem é de ceia, uma boa missa pra quem é de missa, um bom presente pra quem é de presente e um abraço e beijo sincero em quem merece!

Feliz Natal (de novo, hunf!)!!!!!

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Clara

Na cama, Clara escrevia cartas de amor a ninguém, a todo mundo. Apertava contra o peito palavras bonitas a serem ditas a amores hipotéticos. Preenchia o corpo com abraços apertados de vultos ainda sem rosto definido, homens e mulheres que lhe fariam sentir bem, se sentir amada. Clara construía chalés de inverno, fumaça de lareira saindo pela chaminé, arrumava-se para jantares em família. Sentava defronte ao mar em agradáveis tardes de domingo com seus ex, atuais, futuros amantes. Carlos, Zé, Marta, Ari, Aline, Maurício, Flávio, Margot, Zélia, Catarine, Rodolfo, Clara, Clara, Clara. Sonhava com nomes, idades, portes, vozes ao ouvido, cheiros, gostos, tatos, atitudes. Esfregava detalhes sórdidos na boca, nos seios, na vulva. Clara e seus amantes imaginários rolavam na cama, na grama, na chuva. Ela adorava escrever cartas de amor e guardá-las numa pequena caixinha azulada, como o céu dos dias que se passavam na sua cabeça. Um dia, Clara dizimou paixões, estraçalhou corações, desviou olhares, atenções, jogou roupas alheias janela abaixo. Quebrou pratos, arranhou discos, deu porrada, chorou, mandou tudo à merda, lançou perdigotos, esporros maldições. Clara não era feliz e deixou isso bem claro para cada um dos destinatários das suas cartas. Para cada um comunicou, do modo com que cada um não esperava ser tratado, que havia cansado dos beijos e abraços e juras e trepadas e futuros filhos e contas a pagar e traições e mais o escambau. Seus amantes nada disseram , nem uma única palavra que a fizesse se sentir melhor ou a deixasse mais puta.
Hoje o mar acordou agitado e mais poluído que o normal. O corpo de Clara, branco, pálido, boiando sem vida na superfície. E garrafas e mais garrafas continham cartas de amor a amantes hipotéticos. E boiavam, ah, como boiavam, cada uma seguindo um destino diferente, espumante, vago.

Imagem: Ken Wong .... http://www.clandestina.com

Sonido: I Don't Love Anyone - Belle & Sebastian

Alguém aí sabe onde encontro "punch" pra vender. Mas tem que ser a um precinho camarada. É impressionante como me enrolo com as transições e os finais. Masss, espero que vocês tenham gostado e que Clara não tenha morrido em vão.
Criei um carinho por este miniconto. Tem muito de mim nele. Meu lado "unloved". É isso aí!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

It Isn't.

Tudo está suspenso, tudo está claro, agora tudo respira. A superfície dá as caras. Tudo está no topo, tudo faz sentido, tudo compilado, volume único, tudo muito bem encadernado. Acordado, os olhos, arregalados, olham mas nada vêem. Tudo está evidente, tudo na sua mente, facilmente, vem e se esvai. Tudo é muito mais, tudo não é os suficiente, tudo dói, tudo perturba. A confusão turva a clareza de antes, um suspiro, uma inquietação sem fim. Tudo grita, se esparrama, lambuza os miolos. Tudo fede, tudo é ânsia de vômito, é esgoto imundo e doentio. Tudo é utopia, tudo são flores, tudo são cores, tudo é fluido, tudo é vôo de borboleta no jardim. Tuuuudo, tudo, tudo. A noite acaba, o dia, sonolento, acorda a vida que se pôs a roncar. A vida, a noite, o sono, os talheres na mesa, o café esfriando na xícara. Tudo é motivo, tudo é castigo, tudo jazigo. Merda, tudo vira bosta, tudo desintegra, desaparece, vai-se embora. Tudo cansa, no fim, tudo alcança. Cessa o sol, cessa a música, cesa o motor, o movimento das roupas balançando no varal. A água cai sem cessar e o negro de tudo protege do temporal. Tudo é navalha, tudo é pedra, mineral, abissal. Tudo é sombrio, tudo é vazio, tudo é nada.

Imagem: Elliott Golden .... http://www.clandestina.com

Sonido: It's No Good - Depeche Mode (Speedy J Remix)


terça-feira, dezembro 05, 2006

- Ela tá te sacaneando!

- Sério?!
- Sério, cara. Cê acha que eu ia brincar com essas coisas?
Calam-se. Passam-se alguns segundos.
- Cê só pode tá brincando...
- Olha, cê acredita se quiser. Nunca falei tão sério...
- Você jura que é verdade?!
- Juro, porra! É sério!
Calam-se. Bebem a cerveja a goles grandes.
- Puta que o pariu! Que merda!
- Ha ha ha... Neguinho acredita em tudo.
- Ah, vai se foder, seu filho da puta!
Levanta-se, desfere três bons murros na cara do outro.
- Vai zoar a mãe, viado!
Toma o resto da cerveja e sai do bar, a tempo ainda de ouvir do ensanguentado:
- Seu bosta!! Precisava disso, hã?! Agora se foda sozinho. Tudo o que eu te disse foi verdade, idiota! Não sabe nem brincar, esse estardalhaço por causa de uma piada. Vai, vai embora. Se manda!
Depois que o agressor deixa o lugar, ouve-se da boca ensanguentada, faltando um dente:
- Corno maaaanso!

Chega em casa e sente os dedos da mão doerem.
-Puta merda! Aquele viado não sabe nem apanhar.
Lava o sangue da mão. Encaminha-se para o quarto. Boceja. Pára no corredor. Ouve coisas . Se aproxima da porta.
- Puta que o pariu! - diz para si mesmo.
Encontra a outra montada, beijando, lambendo, cavalgando o outro. Entra no quarto. Olha os dois com a vista dura. Fecha a mão e, com violência, desfere uma dezena de bofetadas. Saca a arma que estava no casaco.
- Toma o que tu merece, sua puta.
O sangue espirra na cama, nas paredes, no rosto do outro. O cano ainda quente encosta na testa do infeliz, nu em pêlo. Dois disparos. O quarto avermelha-se. Guarda a arma no bolso do casaco, agora sujo de miolos.
- Caralho! A vadia lavou essa porra não faz nem três dias!

Volta para a cozinha. Acende um cigarro. Chora calado. Joga o casaco sujo no chão. Abre e fecha a mão.
- Bem que aquele merda me avisou...
Os dedos só não doem mais que a consciência. E a cabeça, adornada, pesa como nunca.



Imagem: Motomichi Nakamura .... http://www.clandestina.com

Sonido: Womam - Wolfmother

Tô aprendendo a ser direto. Mas me falta punch! Um dia eu chego lá. Rubem Fonseca que me aguarde, hehehe...


quarta-feira, novembro 29, 2006

Insônia


Esse tal de relógio biológico ainda vai acabar me levando à loucura, ou, quem sabe, adiante. Se seu corpo também tem problemas com o tique-taque silencioso do tempo, se você passa horas se revirando no colchão, se nunca acha a posição adequada no travesseiro, se já chegou nos bilhões de carneirinhos e não adormeceu, escreva poemas prosaicos e despretensiosos como o segue abaixo. Às vezes funciona como sonífero.


Insônia

Às cinco e pouco da manhã
Comemoro a minha conquista
O meu anseio distante
O sono que teima em chegar.

Escuto o primeiro canto
Pardais nos telhados, tantos.
O sol tímido se levanta
Hora em que, enfim, me deito.

Ó, senhora do relógio
Abdico de seus falsos encantos
Abandone-me sem arrependimento
Ó, dona das minhas pálpebras.

Finalizo-me sem mais disposição.
Entrego-me ao doce cansaço.
Celebro com o corpo estático
Mais uma noite de olhos inquietos.

*Poema escrito às cinco e quinze da manhã, depois de uma noite em claro, acompanhado por meus devaneios, um ventilador na potência máxima, alguns CD's de música New Age que não surtiram efeito, "Planeta dos Macacos" passando no Corujão e alguns filmes pornôs de baixa qualidade.

Imagem: Ellen Weinstein .... http://www.clandestina.com

Sonido: Depois de tocar Enya, Kitaro e outros sussurros e orquestrações calmas, quem me fez dar descanso às palpebras foi o Ed Harcourt e sua singela "Bittersweetheart".

Não sei se me saro ou se cultivo minhas insônias. Vez por outras obtenho resultados produtivos delas. Santa enfermidade!!!


Queda D'água

Ainda bem que choveu hoje. Uma chuvinha fina, uma borrifada do céu, só pra todo pôr todo mundo porta adentro. Pra varrer das pessoas os seus acessórios desnecessários, seus apêndices sociais é que choveu. A água como veneno para as vaidades. Choveu hoje para separar todo mundo e isolar cada um em seus lugares, em suas caixas individuais de certezas mortas e violência potencial. Para cessar o verbo choveu hoje. Os ânimos escorreram pelo ralo, junto com a alegria vaga, os cabelos desprendidos do crânio e as baratas voadoras. As infantilidades, escaldadas, e o cansaço de um dia exageradamente curto esconderam-se embaixo do toldo. Correram todos, restando a chuva e seu sussurro de paz ou de inquietação. Vi as impurezas, velozes, descerem misturadas à turva espuma da ira, dura, em sua capa de chuva. Da minha janela vejo sinto ouço a água jorrar de mim. E ainda bem que choveu hoje e choverá sempre que for preciso.

Imagem: Jeremy Forson .... http://www.clandestina.com

Sonido: Knives Out - Radiohead

*It's not on purpose.



segunda-feira, novembro 06, 2006

Mil em Um

"Só a dor limpinha da classe média sai nos jornais." Xico Sá

http://ponteaereasp.nominimo.com.br

Isso resume o atual contexto da grande imprensa brasileira e, porque não dizer, internacional. É preciso mais sensibilidade para o dia-a-dia palpável do que para as "notícias" do Jornal Nacional.

Xico Sá, mesmo escrevendo sobre São Paulo, a muitos quilômetros daqui, consegue me ensinar o que é o verdadeiro espírito jornalístico, ainda que sejam necessários lembretes diários e nós de fita nos dedos.
O disfarce prosaico de suas frases esconde grandes verdades.

Xico é meu professor, meu amigo de conversa em mesa de bar, meu colunista favorito. Uma pessoa de quem se pode sentir orgulho.


* Tá reclamando dos atrasos nos vôos?! Tá achando ruim?!
Realmente muito chato, né?!
Não se preocupa; pega um pinga-pinga da Jardinense ao meio dia, de Natal para Jardim do Seridó.

Melhor que qualquer primeira-classe da TAM...

quarta-feira, outubro 25, 2006

Ouça

Não há prazer maior que se reconhecer em uma melodia, em uma nota. Ser um solo de guitarra, um sopro de flauta, um andamento de bateria. Não é preciso ser entendido em partituras, graves e agudos, bemóis ou sustenidos. Apenas ser uma música.
Sentir os cabelos ao vento no fundo de uma textura, a boca cheia de sabores no apetite voraz de um instrumento afinado, a cabeça cheia de cores em um retorcer de cordas. Reconhecer-se música quando palavras já não forem mais necessárias, quando canções não dependerem mais de letras, quando a voz calar.
Música é no que a gente se transforma quando nada mais consola, quando não é mais preciso se fazer entender, quando a alma pula, quando o sorriso e a lágrima e o ranger de dentes se esvaem, é o que fica, o que abunda, é o que nos resta.
Em qualquer lugar, reconhecer-se música, e mergulhar em mundo particular, em um autismo involuntário, seja na praça, no banco, no ônibus, na praia, no trabalho, no mato, na cidade. Só há você e a música. Fundidos. Músicas.
É sentir-se; bem ou mal, não se consegue ficar inerte.
O aparelho auditivo é a parte mais interessante do corpo humano. Desculpem-me os surdos pela afirmação, mas me redimo dizendo também que música tem mais a ver com coração que com orelhas.

Estou sendo música quase o tempo todo. Até quando durmo; silêncio é música, sonho é mixagem, e mente, estúdio.

MÚSICA É TUDO!!!


* Um som que anda me despertando para essas coisas que eu sempre soube, mas teimava em manter afônico é o do trio gaúcho "Pata de Elefante". Já faz um tempo que se fala deles, sempre rasgando-se muita seda (por puro merecimento), mas o atrasado aqui só teve a sorte de limpar as orelhas à sério para o som dos caras a pouco tempo. Antes tarde que nunca.
Pata de Elefante é mais um dos expoentes da sempre efervescente cena de rock gaúcha, que, atualmente capitaneada pelos malucos do Cachorro Grande, nos dá presentes auditivos como Walverdes, Bidê ou Balde, Pública, Superguidis, entre outros.

Não perca a oportunidade de se reconhecer no som da virtuosa Pata de Elefante.

PATA DE ELEFANTE - DOWNLOAD


Imagem: Kanako e Yuzuru .... http://www.clandestina.com

Sonido: Tudo Vai Ficar Bem - Pata de Elefante


sexta-feira, outubro 20, 2006

"...Eu vou..."

Primeiro de tudo: foda-se o texto jornalístico. Esse post é pessoal, sentimental, informal, panfletário, parcial e feito em momento de empolgação. Já tenho problemas demais com o texto jornalístico e não quero me sentir castrado por suas orientações e balizamentos.

Vão falar que eu sou suspeito para fazer o seguinte comentário, que eu sou petista, lulista, empolgado, demagogo, iludido, burro, e mais um monte de adjetivos. Carregarei as alcunhas, algumas com orgulho, outros com apreensão, mas sem culpa. Tenho que falar sem adiamento que ontem à noite quem salvou meu dia foi um homem que anda salvando o dia de muita gente Brasil afora. Um cara de quem gosto muito desde há muito tempo. Luís Inácio Lula da Silva.

Meu humor deu uma guinada de 180º depois que comecei a assistir o debate presidencial veiculado ontem à noite pelo SBT. Estava totalmente entediado, borocoxô que só vendo. Começa o debate. Faço cara de interesse e vou assitir, já esperando o pior, denúncias e acusações e números forjados e birras e blá-blá-blá. Mas as coisas não são bem o que parecem.

Não que o que se espera dos debates não tenha acontecido. Aconteceu sim. Mas também aconteceram novidades e reviravoltas e propostas e seriedade e sensatez. O SBT, ou melhor, a Ana Paula Padrão está de parabéns pela atuação como mediadora do debate. Foi justa, imparcial, disciplinada. A mulher deu classe a um tipo de programa que costuma ser visto com o canto do olho.

Voltando ao assunto, o debate encheu os olhos, os ouvidos e o peito de quem tem orgulho do voto. Lula deixou Alckmin no chinelo e não precisou de muito para essa tarefa. Do alto de sua serenidade, Lula desmantelou os argumentos frouxos de Alckmin e lançou mão de questões pouco cabeludas, mas à queima-roupa, para assanhar ainda mais os três ou quatro cabelinhos da careca do candidato tucano. Foi a constatação da falta de carisma e senso de ridículo do nosso zeloso "Chuchu". Antes fosse Serra o candidato; talvez fôssemos poupados da fórmula pré-moldada "Eu vou + (verbo de ação no futuro do presente do infinitivo) + complemento necessário. Parece até aula de português.

O fato é que Lula mostrou o pau com que matou a cobra, como a matou, porque, quando e onde. Não necessariamente estamos falando de escândalos. Seria bom que ele falasse, mas como comodidade é uma presente do qual ninguém quer abdicar, deixou quieto e mostrou aos tucanos que eles estão no mesmo patamar, que a corrupção não nasceu com o barbudo e que, pelo menos, o que está acontecendo de podre na política não está sendo varrido pra debaixo do tapete.
Enquanto isso Alckmin balbuciava, tropeçava nos "Eu vou...'s", esbravejava, atirava números, acusações soltas, e ultrapassava o tempo estabelecido pelas regras. Uma tecla travada sem "backspace" para apagar.

Sabe-se que a mistura de política e paixão, muito comum no Brasil, é bastante indigesta e provoca grandes decepções. Lula sabe bem o quanto isso o custou. Sabe por que muita gente deixou de votar nele. E sabe que não é fácil reconquistar esse votos usando apenas marketing e promessas. Lula luta contra um adversário muito mais forte que Alckmin. A rejeição e o preconceito. Mas com trabalho, seriedade e compromisso com os diversos setores da sociedade ele há de se desvencilhar desses obstáculos.

Dia 29 desse mês eu vou me orgulhar do meu voto. Vou lembrar dos tempos em que eu carregava uma bandeirinha vermelha com uma estrela no meio, sem saber o que aquilo signifacava e vestia uma camisetinha cheia de estrelinhas coloridas escrito "Lula-lá". Vou ver meus pais e meus amigos chorando de felicidade após a apuração, vendo a vontade deles, a minha e a de muita gente, depois de muitos anos contida, ser consolidada outra vez. Ver esse Brasil melhorar em 8 anos o que não melhorou nas últimas duas décadas. Podem me chamar de bobo, de iludido, de utópico, do que quiserem. Podem dizer que eu fui controverso. Eu sempre acabo sendo. Por isso que a primeira frase desse texto foi "foda-se o texto jornalístico". Principalmente em época de eleição quando o nosso querido objeto de estudo resolve se comportar de maneira totalmente inesperada, desrespeitosa, subversiva às suas próprias normas.


terça-feira, setembro 19, 2006

O Dedo em Riste de Helô Helena

Enquanto dossiês urgentes turvam ainda mais o processo eleitoral brasileiro e esquentam a disputa política, Alckmin pega carona com Pedro Bial no ônibus da Caravana JN e Lula, do alto dos gráficos, se esforça para não falar besteira, o dedo de Heloísa Helena permanece em riste.
A estridente presidenciável permanece despejando sua
incontível veemência, causando temor aos microfones e ouvidos mais sensíveis. De dentro de seu inexorável uniforme candidata-de-esquerda-que-não-se-vende, Helô (para parecer mais simpática) enfrenta as críticas injustas, as perguntas dos jornalistas "que não entendem de tal assunto" e ameaça a tudo e a todos com seu dedo levantado, quase uma espada fora da bainha.
A (ex) senadora, que apesar de ter um invejável histórico de lutas em defesa do povo e da transparência na política, anda perdendo as estribeiras e espalhando cortadas incovenientes, falando pelos cotovelos e joelhos e cuspindo radicais perdigotos contra toda forma de poder instaurada.
Tudo bem, não custa ser um pouco radical e exagerado num texto que trata da figura jeans/camisa branca/cabelo preso/dedo indicador para cima
de nossa querida candidata a presidente. Se estivesse falando de Cristóvam Buarque eu seria educado, educado, educado, e só. Se o texto fosse sobre o inexpressivo Eymael, eu falaria de cadeiras, diga-se de passagem, vazias. E se fosse sobre o Bivar (qual o prenome dessa criatura?) falaria de impostos, facilidades financeiras e esse seria certamente um texto de um parágrafo, umas 4 linhas no máximo.
Podem me chamar de machista, mas o fato é que Heloísa Helena perdeu seu lado feminino, seu charme, sua simpatia. Como diria o veterano Ariano Suassuna em recente palestra na cidade do (P)Sol(?): " Olhe, eu sou de esquerda. Mas eu sinto que os erquesdistas brasileiros perderam a alegria. Aquela Heloísa Helena, por exemplo, aquela mulher é muito amarga."
É amarga mesmo. E anda perdendo a doçura que ainda a resta.
A esquerda apesar do estigma de devorar crianças, costumava ter seu charme, seu patamar de utopia, de brisa calma após a catástrofe.
Hoje, mais que nunca, temos dedos rígidos, tesos, faces de raiva, dentes cerrados e só ouvimos risinhos de ironia. Estava na hora de ser um pouquinho mais
paz e amor (- Mas não como o Lula, aquele fantoche! - já ouço o protesto), tomar um Lexotan, uma água com açúcar.
Heloísa Helena devia olhar para o seu dedo em riste, enquanto inspiração sexual (!) e tirar a mira daquele revólver da cara dos jornalistas, dos críticos, dos candidatos à presidência e dos próprios eleitores. Quem sabe assim, a campanha seria mais prazerosa, mais leve, mais "curvilínea".


Imagem: NoMínimo ..... http://www.nominimo.com.br

*P.S.: Sinto que vou apanhar das feministas! Mulheres, venham com calma. Sem panelas, por favor...


segunda-feira, setembro 18, 2006

"O Peso das Coisas" ou "Noite"

50 e poucos quilos de bulimia, olhos verdes cintilantes, ela era linda. Aqueles cabelos loiros espalhados no meu colo.
Lembro como se fosse hoje daquele dia no carro do pai dela, um desses jipes importados cujo nome não me vem à cabeça agora, nem tem importância para o relato. Ela estava exuberante, metida num vestidinho estampado, uma perdição. Tinha fumado um baseado na roda de amigos dela algumas horas antes. Me senti meio por fora naquela situação, eu de All Star e camiseta do AC/DC e os outros, Nike Shox e banho de boutique. Mas ainda assim fumei um, e ela mais que eu. Estava tão feliz.
Levou-me para um barzinho rústico a poucos metros da praia e ficou me fuzilando os olhos. Estremeci com o beijo que me lascou no pescoço. Ainda meio chapada, divertiu-se dizendo que minha barba a arranhava. Pagou a conta depois de um lanche rápido, algumas cervejas. Os amigos dela ficaram me olhando de soslaio porque quando abria a carteira ela já tinha entregado o dinheiro ao garçom.
Havíamos nos conhecido há pouco mais de 2 horas e já estava me bancando. Foi no lounge da Groove, aquela boate decadente que fica atrás do lava-rápido, ali no Centro. Não tinha cara de quem frequentava aquelas bandas, mas foi lá que a conheci. Havia recebido meu modesto salário de estagiário e saí para tomar uma cerveja e pegar mulher. Mal acabara meu namoro de 2 anos e lá estavam aqueles olhos verdes me abordando sem sutilezas. Não titubeei; não teria conseguido mulher mais interessante nem naquele, nem nos outros dias. Dançamos salsa (ou melhor, tentamos) e ela alegou cansaço, chamando-me para sair do lugar. Resisti um pouco, mas quando pôs minha mão em seu quadril, a acompanhei sem ressalvas. Como brilhava aquele par de olhos esmeralda; me fitava com desejo. Ela toda, bastante feminina, altiva, um esplendor de mulher, parecia arder de desejo, mas mantinha-se atrás do escudo da delicadeza. Saímos da boate para não sei onde, sem destino.

- Alô. Oi, Célia! Não. Estou no carro. Fala rápido! Tá, tou indo. Vou levar um amigo, ok?! Tá, beijo!
"Amigo?!" pensei decepcionado.
Lá ia eu para a roda de amigos dela, um bando de riquinhos metidos à besta. Suportei eles e vice-versa. Os olhares de desprezo só não surtiam mais efeito que os dela, me massageando o ego. Pagou a conta e saímos, dessa vez sozinhos.
Parou o carro num matagal próximo à estrada, apagou as luzes e pulou para o meu banco. Agora, aquela mulher era minha e, ainda que tivesse prometido a mim mesmo não se apaixonar por mais ninguém, eu também era dela. Língua e braços e seios e quadris e glúteos e colo; o que era aquela mulher?! Exalava lascívia no suor cheiroso. Fizemos muita coisa naquela noite, naquele lugar. Pena que foi só aquela vez, a única.
Lembro da hora que fui em direção a minha carteira pegar um preservativo e, docemente, puxou minha mão para o seu quadril dizendo "Já paguei a conta, gostoso!" mordiscou minha orelha. Ah, o quadril, sempre o quadril. O corpo arrepiado, a alma também. Não cabíamos em nós de tanto prazer. Fluxos contínuos de sensações, sangue acelerado. Os olhos verdes subindo e descendo nos meus. Os sussurros mudos entre os solavancos, A descobri como se descobre a si mesmo. Não houve detalhes que passaram despercebidos. Ela foi, é, será, minha mulher. Ainda que tenha sido só por aquela noite.

Camila e seus olhos verdes viraram cinzas domingo passado. Ela pediu a família para ser cremada quando da sua morte. Havia já quase dois anos depois que a conheci.
Só fui ter notícia dela um dia desses. Encontrei uma das garotas que estavam conosco naquela noite. Célia, como soube depois que se apresentou, era a morena baixinha que a havia convidado e que eu conhecera no bar da praia. Abordei Célia numa lojinha da rodoviária e ela demorou um tempo para me reconhecer. Não tivemos nenhum contato, mas ela lembrou de ter puxado papo comigo à mesa do bar, anos antes. Disse-me que Camila estava muito doente., que tinha feito muita besteira na vida. Não conversou muito, estava apressada para pegar um irmão que chegava de viagem ou coisa assim. Trocamos telefones, mas não recebi nenhum telefonema, tampouco liguei para Célia.
Só domingo, depois de dois meses após o encontro na rodoviária, recebi um telefonema enquanto assistia o Faustão. Célia disse pausadamente, entre soluços tímidos:
- Camila morreu. Estava muito fraca e não resistiu à pneumonia. Não te contei, mas a Camila pegou AIDS.
Célia ainda ensaiava dizer alguma coisa quando eu, até então estático, deixei minha mão cair, desligando o telefone.
Sinto ainda hoje aqueles olhos verdes embalando minhas horas de insônia. Sinto agora que estou velho, abatido. Sinto minhas olheiras fundas, meus dentes amarelos, meu fedor de cigarro. Sinto minhas costelas, meu fígado, minhas gônadas. Sinto que meu coração já não é mais o mesmo, que eu não sou mais o mesmo.
Já faz 4 dias depois da fatídica notícia.
Eu, 67 quilos de melancolia e elegendo a próxima, decido "Não. Não vou ao hospital!"
- Já paguei a conta! - Esse pensamento ecoava na minha cabeça.
Sonhei com aquela noite, com aquela mulher por muito tempo.

Imagem: Andreas Gefe .... http://www.clandestina.com

Sonido: Night Walk - Belle & Sebastian

* Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.


quarta-feira, setembro 06, 2006

O Psicólogo É Virtual!!!

Sei que muita gente vai ralhar, achar contraditório, praguejar meu nome, chamar-me de idiota e todas essas coisas que o povo adora fazer na internet.
O que vou tentar escrever hoje é sobre como a vida "virtual" afeta a vida "real". Um monte de baboseiras organizadas (ou não) como nos textos anteriores.
O indivíduo virtualizado (desculpe, Aurélio) é um escravo de si mesmo. Ter acesso à virtualidade (foi mal, Houaiss) é, nos dias de hoje, uma necessidade. A Internet e suas armadilhas mais perigosas (Orkut, MSN, Fotolog,etc.) têm poder de vício igual ou maior do que o cigarro!
As pessoas se recriam, criam amizades, criam pontes imaginárias, estabelecem horários, modelos, linguagens tudo em nome do "ser virtual". É questão de estilo. Você é aquilo que seu nick mostra (?). Você sabe a sua importância no mundo, a partir do seu fotolog, e olhe que tudo na internet é supervalorizado, tanto o elogio quanto a crítica. Não existe "em cima do muro" no mundo internético (foi sem querer, Michaels). Ame-o ou odeio-o mortalmente.
Muitas pessoas reclamam da falta de privacidade, mas a tribo moderninha chega a pagar para aparecer. A vida não é nada além de mais um post, um "momentxinho expexial com meux miguxos", uma deprê proposital, uma penca de fãs no Orkut. Há uma ânsia incontrolável em publicar os sentimentos, as verdades sem importância, os desejos, as vaidades.
Ser virtual é ter uma boca trancada e falar pelos dedos. Falar e não falar, tudo da "boca" pra fora. Antes um smiley que um xingamento ou antes um xingamento que uma conversa conciliadora?
- Mando um vírus pra você!
Quase tudo na virtualidade (de novo, se eles podem eu também posso) é um poço lotado de superficialidade, distância e indiferença. O que realmente importa está do outro lado do computador a quilômetros de distância de quem olha o virtual. Uma vida real, cheia de sangue correndo nas veias, com sentimentos pulsando nas artérias e um corpo inquieto.
Pronto, pode reclamar. Ou melhor, criem uma comunidade no Orkut: "EU ODEIO OS TEXTOS DO VÍTOR!"

Imagem: Alvaro Ortega .... http://www.clandestina.com

Sonido: Computer Love - Kraftwerk

domingo, setembro 03, 2006

Des-Equilíbrio

Daft Punk está tocando na minha casa. Aliás, na casa do meu melhor amigo, e eu, um tanto quanto entediado, assisto a tudo do sofá mofado.
Os gatos soltavam seus tufos de pêlos enquanto o brigadeiro de panela enchia a casa com seu cheiro de felicidade. A noite era de sábado mas não havia nada mais do que isso a se esperar. A vida era a mesma de sempre e seguia seu rumo como de costume. Até que alguém dá o play e aparece na tela da tv um nome bastante estranho em caixa alta: KOYAANISQATSI.

- O que ser isso? - perguntei eu.
- Algo como o mundo em desequilíbrio ou coisa do tipo. Cala a boca e assista! - responderam sutilmente.

Calei a boca e assisti. E, em assistindo, fiquei pasmo. E me impressionei. E fiquei indignado. E me contorci na cadeira de balanço. E senti repulsa. E tive vertigem e fiquei tonto e percebi. E mais um monte de coisas simultâneas que esmurravam a minha cara a cada quadro.
Não parei, mas pensei em como uma noite aparentemente tão simples foi responsável por abrigar um momento dos mais importantes para qualquer pessoa. O momento em que se descobre uma obra de arte capaz de mudar sua vida. Ou, pelo menos, sua maneira de ver o mundo.
Koyaanisqatsi é um documento histórico da humanidade. Uma profusão de estímulos pensantes, um fluxo ininterrupto de sensações. É uma descoberta que sempre esteve debaixo dos nossos narizes. Uma lição!!
O ritmo do documentário (ainda que esse rótulo soe castrador para a produção) desperta no espectador a vontade de sair correndo, de acelerar a vida, de ver o mundo de cima, de lamentar ter nascido. É uma obra-prima que você não pode morrer antes de ter se dado ao prazer e ao desconforto de assistir. É impossível passar imune ao fluxo de imagens que confrontam a vida e a morte, tendo o homem como árbitro. Ou melhor, como peça principal de ambos os lados.
Koyaanisqatsi é surpreendente do início ao fim. Um primor ideológico e técnico. É um filme que bifurca boa parte dos seus pensamentos sem proferir uma única palavra. A melhor aliança entre imagem e som que eu já presenciei numa tela.
Mas, antes que isso vire uma resenha muito da mal feita, quero que sirva de sugestão o que foi escrito. Sugestão não, obrigação, com rima e tudo. E assim que começarem a subir os créditos, vá o mais rápido possível procurar os outros dois capítulos da trilogia Qatsi (Powaqqatsi e Naqoyqatsi). Mas cuidado pra não ter um infarto com o primeiro e morrer sem ter o privilégio de desfrutar as partes do todo. Que todo!
É escrevendo isso que, depois de alguns longos minutos para retomar a consciência, a noite que era dada por perdida e foi salva, termina. Ou melhor, foi prolongada; não sei se conseguirei dormir sossegado depois de Koyaanisqatsi.

KOYAANISQATSI - Produzido e dirigido por Godfrey Reggio
Para maiores informações: http://www.koyaanisqatsi.com

sexta-feira, agosto 25, 2006

Sobre Puns Presos e Afins

Presos. As flatulências, os odores, o hálito, o olhar, a palavra, as vontades. Escondidos. As espinhas, os pêlos, os fios de cabelo branco, a idade, as verdades, a essência.
Vivemos uma época em que é mais valioso parecer do que ser. A época em que a vaidade é virtude essencial e que a imagem vale mais que o todo.
Em pleno século XXI, o ser humano, depois de tantas conquistas, inventa de negar os aspectos “esteticamente desagradáveis” dele e criar padrões de beleza cada vez mais longínquos da realidade.
É um tal de chapinha progressiva, depilação a laser, relaxamento capilar, porcelana na dentadura, encurvamento dos cílios, lipoaspiração, metrossexualismos em geral, drenagem linfática, entre outras frescuras.
Puxa daqui, repuxa dali, arranca aqui, penteia cá, balança em baixo, endurece em cima, aumenta, diminui. O corpo é só uma tela. E não é só com tinta que o pintamos.
As boas maneiras se tornaram quase que uma ditadura, uma mistura de Bíblia e Corão para “elevação” social e adestramento dos instintos. Tenho noção de que isso não é novidade, mas temo que estejamos perdendo o fio da meada. Daqui a uns tempos, mudaremos de nomenclatura e, quem sabe, de espécie de tão diferentes que estamos diante do Homo Sapiens “roots” e parece que fazemos questão que a história tome esses rumos. É a evolução, meu(minha) caro(a)!
Educação e boas maneiras é muito mais que saber se comportar à mesa de um restaurante chique. É questão de massa encefálica (o que é isso? Um novo creme anti-rugas?). E não é depilando a barriga tanquinho, fazendo permanente, malhando 5 horas por dia que vamos ser pessoas melhores. O buraco é bem mais embaixo, e não há Ivo Pitanguy que o traga um pouquinho para cima.
É bom lembrar que somos humanos e que temos que rir, falar alto e de boca cheia, beber até cair quando o filho passa no vestibular, andar nu pela casa, cagar (e o fedor invadir o resto da casa), cortar os cabelos quando estiverem caindo no olho, puxar um cabelinho do prato e continuar a refeição. Temos que lembrar que quem manda nos nossos olhos, pêlos, gases, estrias, gordurinhas, culotes, espinhas, axilas, poros, suor, excrementos é a massa cinzenta. Sim, aquela coisa gosmenta (esteticamente desagradável) que está em nossa valiosa caixa cerebral, cheia de cabelos (hum!).
Deixa eu ir que já escrevi besteira demais. Além do mais, tenho hora marcada p/ fazer as unhas!

Imagem: Rubens LP .... www.clandestina.com

Sonido: “You’re Pretty Good Looking” – The White Stripes

sexta-feira, maio 05, 2006

Dia de (re)Estréia ou Acotovelando


Olá.

Esse é o blog "Pelos Cotovelos". Acho que deu pra notar. É um blog pra quem fala muito, mas não necessariamente tem algo a dizer. Afinal de contas, pouca gente hoje em dia tem algo a dizer além de meia dúzia de coisas importantes. Como qualquer outro blog, este tem data de validade incerta e atualizações sujeitas a pancadas de chuvas e nuvens esparsas. Não vou te mostrar grandes textos, nem grandes idéias, nem vou suscitar polêmicos debates, nem fazer denúncias graves. Um blogzinho meia-boca que só é pretencioso quando tenta ser uma alternativa ao ócio. E ao tédio, e ao bocejo, e ao horário vago no fim do expediente, e ao domingo na frente da televisão.
Originalmente, "Água de Chocalho" seria o nome da publicação virtual, mas algum sujeito mais inteligente ou mais rápido que eu (o que é absolutamente compreensível) usou o nome para intitular outro blog. Então, de consolo, sobraram as cotoveladas falantes, resgatando o mesmo propósito do Agá Dois Ó de Chocalho, que agora aqui vos apresento.

Espero que vocês o leiam, e se lêem, que comentem, e se comentarem, que visitem com frequência, e se visitarem, que critiquem, e se criticarem, que dêem sugestões, e dando sugestões, que ajudem a melhorar, e ajudando a melhorar, que tenham afeição e, em se afeiçoando, que fechem esse ciclo, que é o combustível primário de qualquer publicação. E olhem que esse blog é Flex Power...

Até mais.